domingo, 4 de abril de 2010

Março

A peça do novo
Uma alegoria um tanto indiferente
Arbitrariamente pelas veias corre
Poesia ilegível, ingrata
Um tanto intangível
E me incompleta lentamente
Em uma espiral, uma escada
Uma cobra sobe virtuosa
Pronta a engolir minhas unhas, meus cabelos
Meus sapatos, minhas lâmpadas
A peça do novo
Um cobertor manchado e alguns outros fios
Um corpo que, arbitrariamente, foge
Longe e perto, e até muito perto
Um tanto imaculável
E me procura estranhamente
Em um poço de três baldes
Pronto pra tragar meus pés, meus braços
Meus dicionários, meus tornozelos
Minha única e desejada vitória
Perdida em qualquer canto

(2010)

xx

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