quarta-feira, 13 de junho de 2012

A Distância


Na rua vazia, pensei em pontes
Ligando lugar a outro
E nos postes dourados em suas laterais
Sendo úteis à noite



Ainda sobre o meio fio, lembrei do mar
E da sensação de estar sozinho
E da de tomar decisões

As conexões outrora claras agora tremem
E choram e sentem – a insensatez da distância
Para além da vida.

(13-06-2012)

domingo, 11 de março de 2012

Atemporal

Eu poderia estar em qualquer lugar
Mas deixei os outros que quis deixar
Poder de prever que nunca tive
Em nenhum de nenhum lugar

Poderia até repousar
Sob a árvore, o corvo, nuvem, luar
Mas pensei que aqui seria mais triste
Sem ninguém pra me acompanhar.

E de pedra em pedra a pular
Pensei nos répteis, em minha falta de habilidade
na tradução dos estalos de cada salto

(E diziam)
Que poderiam sim estar em qualquer outro lugar.


xx
8-3-2012

domingo, 25 de dezembro de 2011

Momentâneo

Agonia de estar em seus braços
Confortável celebrar
Sobre teu peito a ilusão infinita
Alegria de talvez estar

Como haveria de ser, e é
Sonho de dois minutos
Ergueu-me da ponta do pé
O corpo limpo e enxuto

Curvado aos pés de Minerva,
Meu grito ressurge mudo
Cantiga de paz que enerva;
Remove o temor de tudo

[...]

Abre minhas asas desnudo
Mudo desejo e sorriso
Antes de saber teu nome
Atiro e erro, impreciso.

[...]

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Pintura

Scandiante Fus Fe
Como fostes?
Se por bem não livre
Contágio

Amniótico Sabia
Antes de nascer
Aonde foi destruída
sua identidade.

Empório linfático
de tornar evidente
e sujar de paixão

Uma pequena imagem
Ontem
Celebrando a cor.

9-11-(2011)

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Leveza

O tempo corre
Estala em compassos
de gotas calibradas.

Propõe o sino
O momento certo de entrar
Há quem não o atenda - hesitante
Promulga o direito a julgar

O vento está furioso - e não é sempre
Como em todas as originalidades latentes,
Deu a ignição, contente
Dever de um dia acordar.

Pontuações badalam síncopes
Em nossos corações (engolidos)
A tragédia de existir pequeno
À luz do espaço infinito.

O tempo corre - denso:
É o que me faz lamentar...
O som da morte outra vez
Assombra o meu caminhar.

x
8-11-(2011)

A Vela

O céu adquire tons de lilás quando passo
No limiar do sonho
O sol equilibra e é cristalino
Cheiro alegre de aço.

Irmãs, levantem-se, há
Corpo novo para carregar
Todo céu que cai é pequeno
Firmamento cansou de firmar.

Luz acende, trêmula, é de vela
Parafina, lenta, despertar.

x
8-11-(2011)

domingo, 18 de setembro de 2011

A Despedida

Eu que sempre pensei haver alguém
Estou refém de um sentimento
Pra nunca mais falar de amor, também
Agora que ele se vai lento

Temo a falta de um amor mais que a morte
Não haverá de vir se não por sorte
O sol pra mim, a opaca lua
A agulha que me aponta ao norte

Pra eu suportar toda a mágoa que seu cheiro me traz
E os receios de ter que andar pra trás
Quando eu tinha no seu sorriso a certeza de um passo

Não é erro pra mim desejar
Mas é vício, eu não posso negar

E é cruel demais esse amar.

19-09-2011